quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ele tinha um telefone de pizzaria...

Por que será que todo o telefone que a gente não quer, não pode e não deve decorar se parece com um número de pizzaria??? Digo que não devemos decorar para evitar aborrecimentos. Sabe aqueles números pros quais temos vontade de ligar repentinamente e o dedinho não se segura? Fica passando de leve na tecla do celular, até que sem querer aperta o verde e pronto, tarde demais. Não devia ter ligado, se eu tivesse esperado, agora ele está se achando, agora vai demorar a aparecer, não me segurei, tinha que esperar ele pedir desculpas, assim ele vai fazer sempre. Mas, já foi, já ligou e não adianta. Quem nunca se precipitou ou se corroeu de vontade? Na dúvida nunca ligue, se você está em dúvida é porque não deve fazer. Ou vai se arrepender ou estragar toda a estratégia.
E os piores são os números que queremos esquecer e não conseguimos. Pronto, decidido, nunca mais vou ligar pra ele, vou deletar o número, apagado, acabou, ele que me procure se quiser. Vou atender sem saber quem ele é, não está agendado, serei fria e distante, vai funcionar, vai ser a maior vingança. Agora, me diz se tem como? Com números repetidos que nem esses. Números que ficam agendados para sempre no meu inconsciente. E vou te dizer uma coisa, eu coleciono... Já tenho uma agendinha de números inúteis nos quais não penso mais, mas, que, de vez em quando, me vem na mente e eu lembro, putz esse número era daquele traste que gostei um dia, hehehe. Mas, se não gosto mais, porque não desocupa o espacinho do meu chip?
Primeiro foi o Antônio, vejam só, o Antônio comprou dois celulares de números casados e me deu um de presente. Era 84445010 e 84445011. Tem como esquecer? Depois que tudo acabou, cada um foi para o seu lado, e dos dois lados aconteciam ligações por engano. Um saco!!! Um dia ele me liga avisando que ia chegar mais tarde e constatamos que ele mesmo se enganou. Deu o 5011 para a atual namorada e ligou para mim. Pode?
Já o Fábio, bem esse tinha mesmo uma tele-entrega de lanches e como se não bastasse toda a divulgação em flyers pelo bairro, seu número tinha 3 dezenas repetidas? 93282828. Quando eu descobri que não eram só Xis e Torradas que ele entregava para as clientes, já era tarde demais, eu já sabia o número de cor e já tinha viciado no Xis. Graças a Deus hoje só de lembrar daquele lanchinho sinto meu estômago embrulhar. Xis sem coração é o que aquele canalha vendia.
Depois veio o Renato, veio de viagem e assim como veio foi. De volta para a sua terra. Mas, deixou de herança vários registros de suas chamadas no meu celular, o mesmo DDD durante dias me fazendo decorar: Discando Direto numa imperdoável Distância o famoso 48-98484898 que também vinha na minha alta continha da empresa telefônica. Nunca esquecerei!!! Daí me apareceu o artista de cinema, disse para eu nunca esquecer os créditos desse filme e no The End da história, que durou uma semana e meia de amor, eu já sabia seu número de cor. Também pudera: 96696969. Com esse número eu imagino que os filmes nos quais ele atua sejam muito românticos. Don Juan de meia tijela.
E depois de tantas chamadas diversas, eu ainda não tirei da memória o primeiro dessa lista. Nunca mais tive vontade de ligar porque as vontades mudam. Deletei alguns da agenda, outros salvei com o nome de “não atender”. Mas, eu clamo ao próximo da fila, compre um chip de algarismos variados antes de me dar seu telefone e poupe espaço do meu HD mental. Pegue um número bem difícil de saber porque eu odeio pessoas óbvias. Beijo e me liga.
Daisy Fornari

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